28 fevereiro 2010

De mãos dadas para a cidadania - I


Estamos a desenvolver um projecto de Educação para a Cidadania, em parceria com a Fundação Humberto Delgado.

Este projecto engloba a exposição: "Quiseram calar-nos - Não se assassina a Liberdade" , constituída por 19 painéis, cada um deles dedicado a uma personagem histórica que foi condenada pelos seus actos de participação cívica; inclui ainda uma outra exposição dedicada ao General Sem Medo, Humberto Delgado.

No âmbito deste projecto, todos os alunos do 2º e 3º ciclos estão a desenvolver trabalhos na Área de Formação Cívica, orientados pelos seus Directores de Turma e também por outros professores de áreas disciplinares distintas.

Novidades







Histórias de Natal...

Muitos alunos, de todos os ciclos, pais e Encarregados de Educação, pessoal docente e não docente participaram no concurso de expressão escrita «História de Natal».

Foram distribuídos prémios a muitos autores que se destacaram, quer entre as crianças e jovens quer entre os adultos, durante a nossa Festa de Natal.

Aqui ficam dois dos textos premiados, um de um jovem e outro de um adulto. Seguir-se-á a lista de todos os premiados, a quem damos os nossos Parabéns!

Sem título


Um dia um homem chamado Pedro Hopkins, cuja idade parecia já ser muito alta, talvez uns 94 anos, estava na sua humilde cama, com a sua família à volta, já à beira da morte. Pedro lembrava-se do mês em que estava, mas não do dia, embora já tivessem sido postos os enfeites de Natal.

No dia seguinte, acordou tão leve no meio de duas estátuas que pensava estar a sonhar: «Deves escolher um caminho a seguir, mas pensa bem nas tuas acções». Pedro interrogou-se donde viria aquela voz. Por algum tempo, pôs-se a pensar de onde apareceriam aquelas flores e aqueles terrenos áridos, mas depois apercebeu-se que, na noite anterior, tinha tido uma sensação estranha de que a sua alma tivesse irrompido do seu corpo. Pedro sabia que estava no Céu e pensou nos seus actos de guerra e nas pessoas que tinham morrido sem necessidade. Abriu-se um buraco negro mesmo por debaixo de si. Pedro via nesse buraco muitas das almas dos seus colegas de guerra, perdidas na escuridão extremamente forte. Nesse momento, Pedro foi sugado para o buraco junto dos seus colegas… «Aqui terás conhecimento dos teus verdadeiros medos. Este é o sítio de passagem para o Céu das almas que praticaram o mal».
Pedro estava agora na entrada do seu pesadelo que parecia nem sequer ter horizonte. O que diferenciava este buraco dos outros era o tempo que cada alma demorava nele. Quanto mais “tempo” tivesse feito perder à “Humanidade”, mais tempo ficaria nesse lugar. Na sua passagem pelo buraco negro, Pedro viu muitos dos demónios que poderia imaginar como “ Vlad, o Empalador”, “ Frankenstein” e ”Al Capone”. À medida que foi passando, eles foram ficando para trás. Pedro começou a chorar, devido aos demónios que vira passar por todos os lados por onde andara.
«Ainda bem que a vejo…» - disse Pedro, ao ver a luz a aproximar-se, sentindo que aquilo era a saída. Estava certo quanto a isso, mas ainda lhe faltava passar uma fase.
Nesse momento, Pedro, através da luz, vê, espantado, um lobo bípede… «É o meu braço direito». Desde logo, Pedro apercebeu-se que o lobo era o Lobisomem de Deus. Daí prosseguiu para o Santuário, no céu, onde viria a ser julgado.
«Porque mataste aquelas pessoas inocentes? Dá-me uma boa explicação e deixar-te-ei…».
«Eu fi-lo porque ameaçaram a minha família, em especial o meu pai, e tive também de defender a minha pátria…».
«Houve mortes que poderias ter evitado, por isso conceder-te-ei o último dia na Terra, o dia do nascimento de Jesus Cristo, 25 de Dezembro.»
Pedro acordou na sua humilde cama, com a família pronta para celebrar o Natal.

Passado o dia de Natal, à meia-noite, Pedro partiu para o céu para junto do Todo-Poderoso.
Ricardo Amaral, 8ºC

Um Natal muito à frente


Decorria o ano de 2039. Tinham ido buscar-me ao Lar de Santiago, onde residia há três anos, para passar a noite de Natal em família. Assim que entrei em casa, logo me vi rodeado pelos netos que já não via há alguns meses.
- Avô, tens uma prenda para abrir depois do jantar, junto à árvore de Natal!
- Obrigado, Maria. Foste tu que a compraste?
- Foi a mamã!... Avô, quando eras pequeno também enfeitavas a árvore de Natal como nós?
- Vamos lá para a varanda que eu conto-vos.

«Naquele ano, o Inverno rigoroso do meu tempo dera lugar a um calor sufocante, provocado pelo vento quente e seco característico do árido Algarve, o “ Marafado “, que nos presenteava sempre com grandes quantidades de mosquitos, mas por sorte a noite até estava agradável. Sentámo-nos numas cadeiras de vime que lá se encontravam - iniciei a narração perante os olhares muito atentos do João, da Maria e do luar de Dezembro.
- Sabem, o Natal de hoje é muito diferente do da minha infância. Nesse tempo eu vivia numa pequena vila piscatória onde havia muito peixe, mas não tinha quase valor nenhum, o que fazia com que a minha família passasse por algumas dificuldades económicas, principalmente no Inverno, quase sempre rigoroso com vendavais, chuva e frio, o que impedia sobremaneira a ida ao mar, para a faina da pesca. Tudo isto fazia com que o dinheiro escasseasse nessa altura do ano. Contudo isso não invalidava que, com algum sacrifício e imaginação, houvesse fartura na mesa. Na noite de Natal, a família juntava-se em casa da minha avó para a consoada. No centro da mesa, um candeeiro a petróleo e, numa cómoda antiga, um presépio feito com cortiças e musgo, davam um ar festivo ao evento. Os preparativos começavam logo depois de almoço com a confecção da massa das filhós, das broas de milho, da farinha torrada e do bolo podre, do qual eu fazia questão de saborear sempre a rapadura. Entretanto o meu pai embebedava o peru para matá-lo, recheá-lo e assá-lo no forno, seguindo-se depois a cozedura do bacalhau com batatas e grelos, que seriam servidos na ceia.
Depois da missa do galo, que a minha avó fazia sempre questão de levar-me a assistir, ia deitar-me, mas sempre com o sentido de ouvir o Pai Natal depositar as prendas no sapato que eu deixava junto à chaminé. É claro que adormecia pouco depois até que, certo ano, ouvi barulho na cozinha, para onde me desloquei sorrateiramente, tendo descoberto nessa altura que era o meu pai que lá estava a pôr as prendas, perdendo nesse ano o encanto da crença no Pai Natal. As poucas prendas que me davam no Natal eram recebidas com muito amor e carinho e cuidadosamente manipuladas para não se estragarem com o uso.»

- As nossas prendas são compradas pela mamã no Fórum, - diz o João, de repente.
- Pois é, neto, tudo mudou. O Natal deixou de ser a festa da partilha e do amor, sendo substituída pela festa do consumismo desenfreado. O peru do Natal é de aviário e encomendado a uma empresa de catering referenciada; as filhós e demais bolos são comprados numa pastelaria local; o extinto bacalhau é substituído por douradas de aquicultura cozidas com batatas transgénicas e couves biológicas, e, por este caminho, até o vinho Alvarinho vai ser produzido em Inglaterra!
- Venham para dentro, que o jantar está na mesa - gritou a minha filha.
E lá fomos os três de mão dada, felizes da vida.
Depois do jantar, chegou a hora de abrir as prendas. A Maria fez questão de me entregar a minha.
- Avô, abre depressa para ver se gostas!
- Deram-me a melhor prenda do mundo, ao poder estar aqui convosco, nesta noite tão linda e tão cheia de gratas recordações. Obrigado!
Tenho saudades dos meus tempos de criança. Sinto-me já um pouco cansado, mas hei-de guardar um último fôlego para transmitir, aos que depois de mim vierem, os conceitos de amor, paz e fraternidade que me ensinaram, mesmo sabendo o quão difícil é, nestes tempos modernos da robótica e dos computadores, haver tempo para ter tempo de pensar um pouco nos que vivem à nossa volta e no mundo que nos rodeia.

Celestino Ribeiro

Novo Ano, Vida Nova...

Este blogue não revela tudo! o que foi feito na Biblioteca/Centro de Recursos Educativos (BE/CRE), no primeiro período.

Algumas das actividades desenvolvidas até ao Natal foram divulgadas na página da Escola: www.nrs.escolasdesesimbra.net

De hoje em diante, o blogue passará a ser um meio de comunicar...